segunda-feira, 3 de março de 2008

Chuvas de Fevereiro


Ó, Lua, por que choras?
Tu, que hoje derramaste
tantas lágrimas infiéis,
arrasaste vidas honestas,
despedaçaste almas tão inermes.


Céus, mas por que tanta raiva?
O fogo nos teus olhos
é a lágrima nos olhos dos coitados
que, agora, desprovidos de abrigo,
choram, ao relento,
a agonizante dor da perda.


Mundo, por que és assim, tão injusto?
Sinto o bater aflito
dos diversos corações,
desnorteados, abandonados
pela esperança e fé.


Sob lágrimas de Fevereiro,
vidas são arrancadas
num clarão de um relâmpago,
tetos que desabam sobre
cabeças inocentes.


Céus, piedade de nós todos.
Fecha-te os olhos vermelhos,
impiedosos e desumanos,


mas talvez não tão desumanos,
tendo em vista que foi o próprio homem
quem cavou sua cova.
Edgar Martins

Um comentário:

Rafa Nessin disse...

As chuvas são lágrimas que a terra derrama sobre ela mesma...

Que as chuvas de inspiração, amor e sorriso caiam sobre você, meu velho!

Um grande abraço!

Atenção!

Todos os textos são da autoria de Edgar Martins, cujos direitos de autoria são reservados.